1 de setembro de 2019

O Gilberto Montenegro de "Na Corda Bamba"

Casal Salles Montenegro (Fotos: Reprodução/Instagram EL)

Mais uma ENTREVISTA com Edwin Luisi, Ator Convidado em “Na Corda Bamba”, a nova novela da TVI. Minha primeira pergunta ao Edwin foi “Quem é o Gilberto Montenegro?”, à qual ele respondeu: “É um milionário que gosta da vida, do luxo. Ele tem um casamento meio de aparência. No fundo ele gosta da mulher, a Lucélia Santos, que faz a Marília, mas o casamento se desgastou ao longo do tempo. Eles têm uma filha que está em Portugal; o Gilberto e a Marília estão no Brasil, moram em São Paulo, milionários paulistas, de famílias quatrocentonas. Acontece que esta filha que está em Portugal, ao longo da vida, vai se tornando uma dependente química. Fica grávida sem o Gilberto e a Marília saberem e acaba dando à luz no meio da rua; a criança é raptada. Na busca por essa neta, o casamento começa a entrar nos eixos outra vez. Perdem a filha, mas se reencontram como marido e mulher e vão tentar encontrar a neta. O Gilberto é um homem bonitão, elegante, sedutor. Ao longo da novela, terá uns relacionamentos, seduzindo algumas mulheres, sempre de uma forma elegante. E o que é bonito é a volta por cima que eles dão na vida: de um casal completamente já sem interesse um pelo outro, acabam se redescobrindo como marido e mulher”.  

IZAN SANT – “Na Corda Bamba” representa sua estreia na TVI. Qual a emoção?
EDWIN LUISI – Esse convite veio na hora certa, né? Eu estava vindo de muitas peças de teatro ultimamente, no Rio de Janeiro e em São Paulo, e fazendo um filme no Espírito Santo. De repente, esse convite para vir a Portugal. Adoro Portugal, eu já tinha vindo outras vezes a trabalho, fiz um filme aqui tempos atrás e duas peças, uma de produção brasileira, outra de produção portuguesa, como Ator Convidado; desta vez, a mesma coisa, eu e Lucélia fomos chamados pra sermos Atores Convidados, Participação Especial como casal, relembrando quarenta e tantos anos da “Escrava Isaura”. O pessoal da Plural e o da TVI são fantásticos, não há portas fechadas, a gente se dá bem, se encontra nos almoços, seja com os atores, as pessoas da equipe, a direção da própria novela, seja com a direção da Plural. É um ambiente extremamente descontraído, estamos aguardando com imensa ansiedade essa estreia aqui. Porque é diferente, à nossa altura da vida conseguir viver essa aventura louca que é gravar, morar em Portugal, amo esta terra. A novela é linda também, vimos algumas coisas e estamos esperando com o coração palpitante porque, no fundo, sabemos que vai ser um grande sucesso.
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O milionário sedutor
IZAN – Qual o clima durante as gravações?
EDWIN – Clima de total descontração. Os atores portugueses não têm aquele espírito igual ao dos brasileiros, de estrelato. Claro que tem algumas pessoas que são mais conhecidas, as estrelas daqui, mas eles são mais simples, encaram a vida de uma forma mais realista do que nós aí no Brasil, dentro das emissoras. Então o clima é de total descontração mesmo, eles são muito receptivos, carinhosos, nos abraçaram de uma maneira pra lá de especial e estamos começando a fazer amizade com alguns deles, porque é claro que a gente grava mais com uns do que com outros; vamos ficando amigos à medida que a gente vai contracenando, batendo papo, batendo o texto, mas o que mais chama a atenção é a simplicidade deste povo, são uns queridos. Com as pessoas que gravei já houve uma empatia imediata, eles têm um afeto enorme pela gente, porque cresceram ouvindo falar da “Escrava Isaura”, alguns assistiram, outros ouviram falar... isso é muito gostoso. A direção geral é do Marcos Schechtman, e o Marcos está superempenhado em fazer um clima agradável, diferente, sabe? Ele fala baixinho, com bastante educação. Os assistentes dele, um é o Carlo Milani, que conheço o pai dele, trabalhei com o pai dele no passado, eu o conheço desde criança, e são todos educadíssimos. Os quatro diretores principais são brasileiros, também têm um respeito grandioso pela minha carreira, pela carreira da Lucélia; eles me conhecem de teatro, da televisão, então estão tentando armar um clima sem aquele aparato que a gente sabe que existe no Brasil. Um clima leve, harmonioso, de respeito, não há gritos, não há estresse, não há nada. Somos, assim, uma grande família trabalhando juntos.

IZAN – Há algum, ou alguns personagens desta trama que causa, ou causam, sua admiração?
EDWIN – O Rui Vilhena está se mostrando um autor de primeiríssima qualidade. Está escrevendo uma novela que, além de parecer um filme, tem tanto suspense e, ao mesmo tempo, é tão ágil, os personagens são tão bem delineados, que fica difícil a gente falar de algum personagem especificamente. Mas o casal de protagonistas, Lúcia e Pipo, ou seja, a Dalila Carmo e o Pepê Rapazote, o papel deles é incrível, é uma família totalmente disfuncional. Não vou adiantar o que acontece, porque acontece muita coisa com os dois, mas o que segura um certo clima de criminosos, vamos dizer assim, é o amor que eles sentem um pelo outro e o amor pelos filhos que têm. Uma família totalmente enlouquecida, mas, no fundo, eles se amam de um modo até doentio. Esses dois papéis são fantásticos. Tem outros papéis maravilhosos, mas são diversos, não posso falar de todos aqui.

IZAN – De que forma concilia o lazer e o trabalho na terra d’”Os Lusíadas”?
EDWIN – Bom, antes de mais nada, vim para trabalhar. Decorar texto e fazer meu papel o melhor possível. Só que até eu dar esta entrevista a você, eu havia gravado relativamente pouco; agora gravo todos os dias, então claro que não dá mais pra fazer absolutamente nada. Ao mesmo tempo, como eu te disse antes, conheço Lisboa de cabo a rabo, já vim várias vezes, por longos períodos. Além de tudo, tenho grandes amigos aqui que são de uma gentileza sem precedentes; eles têm carro e me levaram pra passear, tanto um como outra. É a Paula e o Beto; eles me levaram a passeios, pra jantar... enfim, são extremamente gentis. Mas eu sentia que a mamata ia acabar (Risos gostosos.). Que eu ia trabalhar muito, e foi com esse intuito que vim mesmo. Agora, se, no meio disso tudo, der pra fazer alguma coisa, irei fazendo, porque Portugal tem várias cidades lindas e tenho o sonho de visitar algumas que ainda não conheço. Eu queria ir até Santiago de Compostela, mas, sim, conheço demais as localidades em volta de Lisboa: Cascais, Sintra, as cidades aqui perto conheço bastante. Só de ir trabalhar, a gente passa por locais maravilhosos, tenho gravado muita externa em algumas cidades próximas e acabo conhecendo essas cidades. Tá sendo uma delícia, estamos tendo uma oportunidade única, de trabalhar e nos divertir um pouco, fazendo turismo. Portugal tem muita coisa bonita; é um país pequeno, as cidades são bem perto umas das outras; você atravessa o país, do sul ao norte, em 3 horas.
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Atuando | Flashback
IZAN – Seu método para decorar, pode passá-lo, como dica, aos atores que nos leem?
EDWIN – Como decoro texto? Olha, não sei... (Risos.) Não tenho um método específico, embora em ache que o método que mais utilizo é pela compreensão. Diálogo de novela não é uma coisa difícil, é como a gente fala na vida, não é igual ao teatro, que tem uma linguagem própria, mais difícil de decorar. Em simultâneo, teatro tem um mês e meio, dois meses pra decorar um texto. Novela, por exemplo, no momento em que eu estava falando com você, como estou decorando pra semana inteira, pois gravo todos os dias, só num dia tem 20 cenas, no outro tem 10 cenas, no outro tem 15, e estou tentando decorar tudo. Tento entender o sentido da frase, não decorar exatamente como é a frase, mas o que quer dizer, porque se erro uma palavra, vem outra imediatamente. E, além de tudo, é a repetição: vou repetindo em voz alta minhas frases, trocando alguma coisa, pra ficar melhor na minha boca e vou lendo uma frase de alguma coisa que alguém diz e respondo a minha em voz alta; leio outra frase, respondo em voz alta; recomeço essas quatro frases e vou pra mais duas; repito essas outras seis e vou pra mais outras, e assim vou indo; quando vejo, decorei toda a cena, pelo menos o grande sentido dela. Um dia antes, à noite, tento fixar como era, trocando uma coisa ou outra, mas exatamente como é o texto, pra não prejudicar meus colegas.

IZAN – A principal diferença entre fazer novela neste país e novela no Brasil?
EDWIN – Olhando friamente pra questão, a gente vê que é exatamente igual: você recebe um texto, decora, vai à televisão, grava e volta pra casa. Essa é a mecânica de fazer uma novela. Agora, falando mais do ponto de vista subjetivo, há várias diferenças. A Globo, sobretudo, eu quase só trabalhei na TV Globo, e estamos falando sobre a diferença, é que no Brasil a novela foi desenvolvida há mais tempo que aqui. Temos uma grande indústria no Brasil que ainda aqui não é desse nível: Portugal é pequeno, as novelas chegam a menos gente, embora passem, não sei, devem passar em Angola ou Moçambique, países de língua portuguesa; mesmo assim, perto do Brasil, é pequeno o mercado. Eles estão começando a investir cada vez mais nas novelas nacionais, deles, e, cada vez menos, passam as novelas brasileiras, a não ser na Globo Internacional, porque é uma emissora da Globo aqui dentro. Mas as pessoas estão começando a se interessar bem mais pelas novelas portuguesas atualmente do que antigamente, que se interessavam mais pelas novelas brasileiras. Outra coisa diferente é que fazer novela aqui lembra um pouco o passado das novelas brasileiras, no sentido que era algo mais familiar, menos indústria. Você tinha mais acesso, não havia portas fechadas pros atores, pra ninguém, era uma grande equipe que trabalhava em conjunto. Hoje, principalmente a Globo, e mesmo a Record, acredito eu, se transformaram numa indústria de fazer novelas, com as suas hierarquias todas, que aqui é mais leve isso. Do ponto de vista de qualidade, pelo que estou vendo, eles estão superadiantados; a qualidade de imagem, de equipamento, a sonorização, a parte de música e o texto do Rui Vilhena é uma coisa que faria um grande sucesso também – porque vai fazer sucesso aqui – se fosse uma novela feita no Brasil, é muito boa. E temos, como já disse, quatro diretores brasileiros que estão fazendo tudo para que a novela seja algo retumbante; ela é cinematográfica, então não vejo tanta diferença; pro ator é pegar texto, fazer e voltar pra casa, essa é a vida do ator de televisão, a vida que estou tendo.

IZAN – Como define Portugal?
EDWIN – Portugal é nossa pátria-mãe, né? Não tem aquela máxima que diz: A língua é sua pátria? Falamos a língua portuguesa, Portugal é a Matriz. Um país com uma importância histórica magnífica no cenário mundial, foi talvez a maior potência dos Séculos XVI, XVII, um país rico demais. Tem muita história, e, por ser um país pequeno, foi dominado por alguns povos, primeiro o Império Romano, depois os Muçulmanos, mas é, ao mesmo tempo, um país que tem tesouros deslumbrantes. Portugal é um lar de pessoas carinhosas, generosas, afáveis, delicadas, gentis. Tenho uma empatia intensa com as cidades portuguesas, sobretudo Lisboa – é onde fico sempre – e com o povo daqui.
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Numa praia portuguesa
IZAN – Sua expectativa para a estreia desta novela show?
EDWIN – Não gosto de ter expectativas. Graças a Deus, nem sempre são frustrantes, mas corre esse perigo de a gente se frustrar pelo meio do caminho. Mas nesta novela, especialmente, tenho certeza de que não vou ter nenhum tipo de frustração: acredito nela, sinceramente, não é papo de entrevista, acredito realmente na qualidade dela. Acho que vai ser um marco para a história das novelas de Portugal. Não tenho a expectativa de, fazendo sucesso, eu ter uma carreira neste país. Quero voltar ao Brasil, gosto da minha casa, do meu bairro, da minha cidade. Não tenho, de fato, nenhuma expectativa de tentar uma carreira aqui. Pelo contrário, estou querendo mesmo é voltar ao Brasil, minha vida continua nele, tenho meu espaço garantido dentro do teatro brasileiro e é isso de que gosto e desejo. Mas é claro que ficarei imensamente feliz com a vitória que essa novela vai ter e, lógico, se surgirem novos convites pra novas coisas, desde que me deixem ficar no Brasil por, pelo menos, uns meses e matar saudades, pra depois voltar aqui, aceitarei. E vai ser ótimo, também, se eu voltar. Enfim, você pergunta, objetivamente, quais as expectativas da novela. Toda a equipe, que aqui chamam equipa, está entusiasmada ao extremo, e, vendo o entusiasmo dos diretores, dos dirigentes da TVI, dos atores, mesmo da Equipe Técnica, há uma grande euforia. Não tenho nenhum medo de dizer que a novela será um sucesso, porque será. Está bem, meu querido? Um abraço enorme, tchau, tchau.

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