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Casal Salles Montenegro (Fotos: Reprodução/Instagram EL) |
IZAN
SANT – “Na Corda Bamba” representa sua estreia na TVI. Qual a emoção?
EDWIN
LUISI – Esse convite veio na hora
certa, né? Eu estava vindo de muitas peças de teatro ultimamente, no Rio de
Janeiro e em São Paulo, e fazendo um filme no Espírito Santo. De repente, esse
convite para vir a Portugal. Adoro Portugal, eu já tinha vindo outras vezes
a trabalho, fiz um filme aqui tempos atrás e duas peças, uma de produção
brasileira, outra de produção portuguesa, como Ator Convidado; desta vez, a
mesma coisa, eu e Lucélia fomos chamados pra sermos Atores Convidados,
Participação Especial como casal, relembrando quarenta e tantos anos da
“Escrava Isaura”. O pessoal da Plural e o da TVI são fantásticos, não há portas
fechadas, a gente se dá bem, se encontra nos almoços, seja com os atores, as pessoas da equipe, a direção da própria novela, seja com a direção
da Plural. É um ambiente extremamente descontraído, estamos aguardando com
imensa ansiedade essa estreia aqui. Porque é diferente, à nossa altura da vida
conseguir viver essa aventura louca que é gravar, morar em Portugal, amo esta
terra. A novela é linda também, vimos algumas coisas e estamos esperando com o
coração palpitante porque, no fundo, sabemos que vai ser um grande sucesso.
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IZAN
– Qual o clima durante as gravações?
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O milionário sedutor |
EDWIN
– Clima de total descontração. Os
atores portugueses não têm aquele espírito igual ao dos brasileiros, de
estrelato. Claro que tem algumas pessoas que são mais conhecidas, as estrelas
daqui, mas eles são mais simples, encaram a vida de uma forma mais realista do
que nós aí no Brasil, dentro das emissoras. Então o clima é de total
descontração mesmo, eles são muito receptivos, carinhosos, nos abraçaram de uma
maneira pra lá de especial e estamos começando a fazer amizade com alguns
deles, porque é claro que a gente grava mais com uns do que com outros; vamos
ficando amigos à medida que a gente vai contracenando, batendo papo, batendo o
texto, mas o que mais chama a atenção é a simplicidade deste povo, são uns
queridos. Com as pessoas que gravei já houve uma empatia imediata, eles têm um
afeto enorme pela gente, porque cresceram ouvindo falar da “Escrava Isaura”,
alguns assistiram, outros ouviram falar... isso é muito gostoso. A direção
geral é do Marcos Schechtman, e o Marcos está superempenhado em fazer um clima
agradável, diferente, sabe? Ele fala baixinho, com bastante educação. Os
assistentes dele, um é o Carlo Milani, que conheço o pai dele, trabalhei com o
pai dele no passado, eu o conheço desde criança, e são todos educadíssimos. Os
quatro diretores principais são brasileiros, também têm um respeito grandioso
pela minha carreira, pela carreira da Lucélia; eles me conhecem de teatro, da
televisão, então estão tentando armar um clima sem aquele aparato que a gente
sabe que existe no Brasil. Um clima leve, harmonioso, de respeito, não há
gritos, não há estresse, não há nada. Somos, assim, uma grande família
trabalhando juntos.
IZAN
– Há algum, ou alguns personagens desta trama que causa, ou causam, sua admiração?
EDWIN
– O Rui Vilhena está se mostrando um
autor de primeiríssima qualidade. Está escrevendo uma novela que, além de
parecer um filme, tem tanto suspense e, ao mesmo tempo, é tão ágil, os
personagens são tão bem delineados, que fica difícil a gente falar de algum
personagem especificamente. Mas o casal de protagonistas, Lúcia e Pipo,
ou seja, a Dalila Carmo e o Pepê Rapazote, o papel deles é incrível, é
uma família totalmente disfuncional. Não vou adiantar o que acontece, porque
acontece muita coisa com os dois, mas o que segura um certo clima de
criminosos, vamos dizer assim, é o amor que eles sentem um pelo outro e o amor pelos filhos que têm. Uma família totalmente enlouquecida, mas, no
fundo, eles se amam de um modo até doentio. Esses dois papéis são fantásticos.
Tem outros papéis maravilhosos, mas são diversos, não posso falar de todos aqui.
IZAN
– De que forma concilia o lazer e o trabalho na terra d’”Os Lusíadas”?
EDWIN
– Bom, antes de mais nada, vim para trabalhar. Decorar texto e fazer meu papel
o melhor possível. Só que até eu dar esta entrevista a você, eu havia gravado
relativamente pouco; agora gravo todos os dias, então claro que não dá mais pra
fazer absolutamente nada. Ao mesmo tempo, como eu te disse antes, conheço Lisboa
de cabo a rabo, já vim várias vezes, por longos períodos. Além de tudo,
tenho grandes amigos aqui que são de uma gentileza sem precedentes; eles têm
carro e me levaram pra passear, tanto um como outra. É a Paula e o Beto; eles
me levaram a passeios, pra jantar... enfim, são extremamente gentis. Mas eu sentia
que a mamata ia acabar (Risos gostosos.). Que eu ia trabalhar muito, e foi com esse intuito que vim
mesmo. Agora, se, no meio disso tudo, der pra fazer alguma coisa, irei fazendo,
porque Portugal tem várias cidades lindas e tenho o sonho de visitar algumas
que ainda não conheço. Eu queria ir até Santiago de Compostela, mas, sim,
conheço demais as localidades em volta de Lisboa: Cascais, Sintra, as cidades
aqui perto conheço bastante. Só de ir trabalhar, a gente passa por
locais maravilhosos, tenho gravado muita externa em algumas cidades próximas e acabo conhecendo essas cidades. Tá sendo uma delícia, estamos tendo uma
oportunidade única, de trabalhar e nos divertir um pouco, fazendo
turismo. Portugal tem muita coisa bonita; é um país pequeno, as cidades
são bem perto umas das outras; você atravessa o país, do sul ao norte, em 3 horas.
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Atuando | Flashback |
IZAN
– Seu método para decorar, pode passá-lo, como dica, aos atores que nos leem?
EDWIN
– Como decoro texto? Olha, não sei...
(Risos.) Não tenho um método específico, embora em ache que o método que mais
utilizo é pela compreensão. Diálogo de novela não é uma coisa difícil, é como a
gente fala na vida, não é igual ao teatro, que tem uma linguagem própria, mais
difícil de decorar. Em simultâneo, teatro tem um mês e meio, dois meses pra
decorar um texto. Novela, por exemplo, no momento em que eu estava falando com
você, como estou decorando pra semana inteira, pois gravo todos os dias, só num
dia tem 20 cenas, no outro tem 10 cenas, no outro tem 15, e estou tentando
decorar tudo. Tento entender o sentido da frase, não decorar exatamente como é
a frase, mas o que quer dizer, porque se erro uma palavra, vem outra
imediatamente. E, além de tudo, é a repetição: vou repetindo em voz alta minhas
frases, trocando alguma coisa, pra ficar melhor na minha boca e vou lendo uma
frase de alguma coisa que alguém diz e respondo a minha em voz alta; leio outra
frase, respondo em voz alta; recomeço essas quatro frases e vou pra mais duas;
repito essas outras seis e vou pra mais outras, e assim vou indo; quando vejo,
decorei toda a cena, pelo menos o grande
sentido dela. Um dia antes, à noite, tento fixar como era, trocando uma
coisa ou outra, mas exatamente como é o texto, pra não prejudicar meus colegas.
IZAN – A
principal diferença entre fazer novela neste país e novela no Brasil?
EDWIN – Olhando friamente pra questão, a gente vê que é exatamente
igual: você recebe um texto, decora, vai à televisão, grava e volta pra casa.
Essa é a mecânica de fazer uma novela. Agora, falando mais do ponto de vista
subjetivo, há várias diferenças. A Globo, sobretudo, eu quase só trabalhei na TV
Globo, e estamos falando sobre a diferença, é que no Brasil a novela foi
desenvolvida há mais tempo que aqui. Temos uma grande indústria no Brasil que
ainda aqui não é desse nível: Portugal é pequeno, as novelas chegam a menos
gente, embora passem, não sei, devem passar em Angola ou Moçambique, países de
língua portuguesa; mesmo assim, perto do Brasil, é pequeno o mercado. Eles
estão começando a investir cada vez mais nas novelas nacionais, deles, e, cada
vez menos, passam as novelas brasileiras, a não ser na Globo Internacional,
porque é uma emissora da Globo aqui dentro. Mas as pessoas estão começando a se
interessar bem mais pelas novelas portuguesas atualmente do que antigamente,
que se interessavam mais pelas novelas brasileiras. Outra coisa diferente é que
fazer novela aqui lembra um pouco o passado das novelas brasileiras, no sentido
que era algo mais familiar, menos indústria. Você tinha mais acesso, não havia
portas fechadas pros atores, pra ninguém, era uma grande equipe que trabalhava
em conjunto. Hoje, principalmente a Globo, e mesmo a Record, acredito eu, se
transformaram numa indústria de fazer novelas, com as suas hierarquias todas,
que aqui é mais leve isso. Do ponto de vista de qualidade, pelo que estou
vendo, eles estão superadiantados; a qualidade de imagem, de equipamento, a sonorização,
a parte de música e o texto do Rui Vilhena é uma coisa que faria um grande
sucesso também – porque vai fazer sucesso aqui – se fosse uma novela feita no
Brasil, é muito boa. E temos, como já disse, quatro diretores brasileiros que
estão fazendo tudo para que a novela seja algo retumbante; ela é cinematográfica,
então não vejo tanta diferença; pro ator é pegar texto, fazer e voltar pra
casa, essa é a vida do ator de televisão, a vida que estou tendo.
IZAN
– Como define Portugal?
EDWIN
– Portugal é nossa pátria-mãe, né? Não
tem aquela máxima que diz: A língua é sua
pátria? Falamos a língua portuguesa, Portugal é a Matriz. Um país com uma
importância histórica magnífica no cenário mundial, foi talvez a maior potência
dos Séculos XVI, XVII, um país rico demais. Tem muita história, e, por ser um país
pequeno, foi dominado por alguns povos, primeiro o Império Romano, depois os
Muçulmanos, mas é, ao mesmo tempo, um país que tem tesouros deslumbrantes.
Portugal é um lar de pessoas carinhosas, generosas, afáveis, delicadas, gentis.
Tenho uma empatia intensa com as cidades portuguesas, sobretudo Lisboa – é onde
fico sempre – e com o povo daqui.
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Numa praia portuguesa |
IZAN
– Sua expectativa para a estreia desta novela show?
EDWIN
– Não gosto de ter expectativas.
Graças a Deus, nem sempre são frustrantes, mas corre esse perigo de a gente se
frustrar pelo meio do caminho. Mas nesta novela, especialmente, tenho certeza
de que não vou ter nenhum tipo de frustração: acredito nela,
sinceramente, não é papo de entrevista, acredito realmente na qualidade dela.
Acho que vai ser um marco para a história das novelas de Portugal. Não tenho a
expectativa de, fazendo sucesso, eu ter uma carreira neste país.
Quero voltar ao Brasil, gosto da minha casa, do meu bairro, da minha cidade. Não
tenho, de fato, nenhuma expectativa de tentar uma carreira aqui. Pelo
contrário, estou querendo mesmo é voltar ao Brasil, minha vida continua nele,
tenho meu espaço garantido dentro do teatro brasileiro e é isso de que gosto e
desejo. Mas é claro que ficarei imensamente feliz com a vitória que essa novela
vai ter e, lógico, se surgirem novos convites pra novas coisas, desde que me
deixem ficar no Brasil por, pelo menos, uns meses e matar saudades, pra depois
voltar aqui, aceitarei. E vai ser ótimo, também, se eu voltar. Enfim, você
pergunta, objetivamente, quais as
expectativas da novela. Toda a equipe, que aqui chamam equipa, está entusiasmada ao extremo, e,
vendo o entusiasmo dos diretores, dos dirigentes da TVI, dos atores, mesmo da
Equipe Técnica, há uma grande euforia. Não tenho nenhum medo de dizer que a
novela será um sucesso, porque será. Está bem, meu querido? Um abraço enorme,
tchau, tchau.
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