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Em evento de aniversário da Televisão | Fotos: gentilmente cedidas pelo ator. |
Sim, de
vasta luz interior, por ser hoje um consultor de Feng Shui
Clássico, além de ativista ambiental. Este é Haroldo Botta, que carrega
18 novelas na bagagem; dentre
elas, “Mulheres de Areia” (onde viveu o Jajá), “A
Viagem” (o Dudu), nas versões originais de Ivani Ribeiro, e mais seis tramas
dela.
Esteve
no filme “Paranóia” e em algumas peças teatrais. Recebeu o título de
galã ao entrar na Rede Globo, da qual guarda um conceito positivo: “A Globo tem uma importância vital para a qualidade dos programas que
veicula, principalmente as novelas e minisséries, trazendo ao estrelato
diversos artistas talentosos e divulgando nossa arte ao mundo”.
Ao mundo,
agora, mais revelações interessantes dele, um dos queridos atores da saudosa Ivani. "Eu gosto do seu trabalho!", disse-lhe ela, uma das grandes novelistas de todos os tempos.
ESPECIAL ENTREVISTA
IZAN SANT – Uma dica de harmonia interior simples, que as pessoas possam fazer para chegar a esse estado harmônico?
HAROLDO BOTTA – O estar presente no momento é a chave para a tranquilidade, juntamente com a respiração, e a consciência de ser um espírito vivendo na carne, e não o contrário, onde muitos acreditam sermos um corpo que “supostamente” tem um espírito. Como diria o poeta, “tudo é uma questão de manter a mente quieta, a espinha ereta, e o coração tranquilo”...
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HAROLDO BOTTA – O estar presente no momento é a chave para a tranquilidade, juntamente com a respiração, e a consciência de ser um espírito vivendo na carne, e não o contrário, onde muitos acreditam sermos um corpo que “supostamente” tem um espírito. Como diria o poeta, “tudo é uma questão de manter a mente quieta, a espinha ereta, e o coração tranquilo”...
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O Luís da novela "Marina" |
IZAN – Na época de “Marina”, sua primeira novela na Rede Globo, você teve que mudar de
São Paulo para o Rio, e acabou confessando ter sentido medo diante das
responsabilidades do dia-a-dia na Cidade Maravilhosa. Detalha isso.
HAROLDO – Tinha 19 anos quando fui chamado para fazer a novela “Marina”, e nunca
havia morado sozinho, assumir as responsabilidades de aluguel, fazer minha
própria comida, cuidar de si mesmo, enfim. Lembro de ter ido de São Paulo ao
Rio no meu fusquinha vermelho, chorando a viagem inteira... (Risos
gostosos) Mas, em três meses, tudo já
estava internalizado: amigos novos, casa em ordem, etc. Faz parte do
crescimento.
IZAN – Nesse período você dividiu apartamento com o
Edson Celulari. Vocês “aprontavam” um pouco juntos ou eram comportados,
dedicados aos roteiros de “Marina”?
HAROLDO – Dividimos um mesmo apart-hotel durante um ano, pois havíamos sido chamados após o fechamento da TV Tupi, na qual fizemos a novela “Gaivotas”. Costumávamos ir a festas, vernissages, sessões de cinema, e também passávamos os textos das cenas entre nós. Foi um momento especial, tudo era novidade para dois jovens na Cidade Maravilhosa.
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HAROLDO – Dividimos um mesmo apart-hotel durante um ano, pois havíamos sido chamados após o fechamento da TV Tupi, na qual fizemos a novela “Gaivotas”. Costumávamos ir a festas, vernissages, sessões de cinema, e também passávamos os textos das cenas entre nós. Foi um momento especial, tudo era novidade para dois jovens na Cidade Maravilhosa.
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Com o ator, diretor e produtor de cinema estadunidense Robert De Niro |
IZAN – Antes de ir para a Globo, foram 14 novelas em São Paulo! Muito orgulho disso?
HAROLDO – Comecei na TV Record em 1968, onde fiz duas novelas; fiquei, de 1969 a 1979, trabalhando na extinta TV Tupi, onde
fiz a maioria das novelas escritas pela saudosa Ivani Ribeiro, que sempre me
presenteou com personagens desafiadores. Trabalhar ao lado de grandes artistas
foi um grande orgulho, aprendi muito sobre o ato de interpretar somente
observando-os nos bastidores. Falar sobre Ivani Ribeiro, aliás, uma das maiores teledramaturgas da TV
brasileira, inclusive muitas de suas novelas ganharam remake na TV Globo,
alcançando o mesmo sucesso, ou até maior, é apresentar a história da
telenovela do Brasil ao seu povo e aos jovens que não a conheceram. O trabalho
desenvolvido por Carolline Rodrigues, catalogando as emoções internas da
dramaturga através de suas personagens, no livro de sua autoria, “Ivani Ribeiro: A Dama das Emoções”, nos
faz perceber o quanto a memória de um país pode, e deve, ser expressa pelos
expoentes marcantes da vida artística e cultural. Ter biografias de grandes
escritores como Ivani, tanto quanto como a de José Mauro de Vasconcelos, que
completa neste 2018 o cinquentenário de uma de suas obras mais importantes, “O
meu pé de laranja lima”, da qual tive oportunidade de participar como
intérprete, e onde também comemoro meus 50 anos de vida artística, é celebrar a
Vida!
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Recordando o Dudu, de "A Viagem" |
IZAN – Quem eram, mesmo, o Luís, de “Marina”, e o Beto, de “O Amor É Nosso!”?
HAROLDO – A personagem Luís foi um grande momento em minha carreira, em que,
juntamente com Íris Nascimento, fizemos um par romântico, que causou uma grande
repercussão, pois abordava a integração racial entre dois jovens que se amavam,
e, logicamente, com todo o preconceito da união de um jovem branco com uma
jovem negra. O Beto, foi uma experiência interessante, onde um jovem ambicioso
tinha como “tutora” empresarial a inesquecível Tônia Carrero, e também namorava
com a ex-Narizinho, Rosana Garcia. Infelizmente a novela teve alguns problemas,
pelo excesso de personagens e uma trama que não atingia o grande público; metade do elenco teve que ser
dispensado para dar um novo rumo dramatúrgico, e fui um deles.
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Com a esposa Valeska de Gracia |
IZAN – Sobre o título de galã global. Lidou bem com
isso e era muito assediado?
HAROLDO – Já havia sido bastante reconhecido quando fiz o papel de Zezé, na
novela “Meu pé de laranja lima”, em 1970. Quando fui para a Globo, a
popularidade aumentou vertiginosamente, e o assédio de fãs foi realmente muito
intenso. A fama é uma forma de reconhecimento do trabalho, mas também pode ser
uma maneira de nos afastarmos da vida real. Em determinados momentos esse
sucesso pode trazer um excesso de confiança, e de soberba, e caímos na
armadilha de achar que somos “especiais”, melhores que os “simples mortais”... e é o início para a perda da
alma, e da simplicidade.
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Novamente na pele de seu personagem em "Marina" |
IZAN – Qual era seu critério pra aceitar um
trabalho?
HAROLDO – A concorrência na TV, principalmente em novelas, é enorme, e quando se
é chamado para fazer uma novela, raramente dizemos não, pois sabemos das
dificuldades de ficar dois, três, seis meses sem um trabalho, e as contas do
dia-a-dia não esperam... Somente
quando um artista já está estabelecido, ele pode “escolher” determinadas
personagens, ou mesmo negá-las, mas a maioria aceita sem pestanejar... (Risos
gostosos.).
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Novela "Ana", cena na Praça 14 Bis, SP - 1968 |
IZAN – Vamos falar sobre “Mania de Querer”, da extinta TV Manchete. Pode nos relembrar do Inácio, por favor, e
expressar sua opinião acerca da novela?
HAROLDO – Eu havia acabado de fazer o Quarentinha (apelido da personagem, pois já
havia matado mais de quarenta pessoas...)
na novela “Dona Beija”, então fui chamado pelo saudoso diretor Herval Rossano
para interpretar o Inácio, que tinha como companheira de cena a Nicole Puzzi,
onde fazíamos um par amoroso extremamente tóxico pelo ciúme. Na trama ela
chegou a me envenenar por “excesso de amor”. A novela era muito boa, com atores
talentosos, mas a TV Manchete já não dava as condições mínimas de trabalho,
pois gravávamos no subúrbio do Rio, onde a temperatura nos estúdios, sem ar
condicionado, chegava a quase 45 graus. Tínhamos que parar as gravações para
secar as roupas com secadores, de tão molhadas que ficavam...
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O Inácio de "Mania de Querer" |
IZAN –
Bate-bola! Ama muito?
HAROLDO – Aprendendo cada vez mais... A
idade e a experiência ajudam bastante.
IZAN – O primeiro beijo e o seu lema?
HAROLDO – Aos 12, no escurinho do cinema... (Risos.) Meu lema, Viva, e deixe viver.
HAROLDO – Aos 12, no escurinho do cinema... (Risos.) Meu lema, Viva, e deixe viver.
IZAN – Trilha sonora da sua vida e um livro que todos deveriam ler?
HAROLDO – James Taylor. Livro, o “I Ching”.
HAROLDO – James Taylor. Livro, o “I Ching”.
IZAN – Prato preferido para cozinhar?
HAROLDO – Risoto.
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HAROLDO – Risoto.
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Fotonovela com a atriz e cineasta Carla Camurati (Bastidores) |
IZAN – É completamente obcecado por...?
HAROLDO – Compreender o mistério da vida.
IZAN – Maior satisfação de?
HAROLDO – Ser livre.
HAROLDO – Ser livre.
IZAN – Gostaria de ter o poder de?
HAROLDO – Transformar o mundo num lugar de expressão plena de amor.
HAROLDO – Transformar o mundo num lugar de expressão plena de amor.
IZAN – Sou legal sempre que...?
HAROLDO – Que me vejo disponível a ajudar o próximo.
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HAROLDO – Que me vejo disponível a ajudar o próximo.
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Momentos da família Botta |
IZAN – O que tem na sua mesinha de cabeceira?
HAROLDO – Um abajur. (Risos — meus.)
IZAN – Os anos 80 foram?
HAROLDO – De intenso trabalho, muitas descobertas e transformação total de vida.
HAROLDO – De intenso trabalho, muitas descobertas e transformação total de vida.
IZAN – Um conselho ao ser humano?
HAROLDO – Seja bom, alegre e amoroso. Luz a todos.
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HAROLDO – Seja bom, alegre e amoroso. Luz a todos.
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Tomando água ao lado de Fernando Torres, diretor de "Ana". Ele e Walter Avancini escolheram Haroldo entre mais de 300 crianças. |
A página do ator, S.O.S Meio Ambiente
Abertura da novela MARINA
Que linda história!
ResponderEliminarHoje Haroldo Botta é um grande ambientalista, defensor da natureza, dos animais e da sustentabilidade no Meio Ambiente! Uma pessoa honrada e espiritualizada. Namastê.
Assistir a alguns capítulos de A Viagem versão 1975 Tupi, Haroldo Botta deu show de interpretação como Dudu. O então adolescente já se mostrava profissional.
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