27 de junho de 2019

O pioneiro nas séries de luta no Brasil

(Em cena | Fotos: Arquivo Pessoal do ator)

Ele é o criador do Pinoia Filmes, equipe de dublês e atores especialistas em
 cenas de ação com lutas mais conhecida do país, no âmbito da Internet. Praticante de Kung Fu, Jiu Jitsu e Capoeira. Ator, diretor e produtor audiovisual conceituado, Fillipe Ramos já participou de diversas reportagens, como a do Domingo Espetacular, da Revista do Cinema Brasileiro, do Vittrine, do Tás Aonde, esteve no Interativo, dentre outros interessantes programas.
Morou no Rio de Janeiro, onde atuou em uma peça de teatro como ator, dublê e coreógrafo de lutas. Ministra oficinas de preparação de atores para cenas de ação e coordena a própria equipe de dublês.
Começou a gravar ainda na infância. Atualmente, produz ativamente, dando vida a uma nova série. Fã do cinema de Hong Kong, é um grande conhecedor dos filmes chineses de lutas, tendo como ídolos e fontes de inspiração Bruce Lee, Jackie Chan, Donnie Yen, Sammo Hung, Yuen Biao, entre tantos outros.

IZAN SANT – Como era sua vida antes do teatro, da TV... enfim, do envolvimento com a arte de representar?
FILLIPE RAMOS – Não me lembro. Desde que me conheço por gente, a arte de representar faz parte da minha vida, e assim tem sido até hoje. Foi algo que surgiu muito naturalmente, ainda na infância.
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IZAN – O nascimento do ator Fillipe Ramos, como aconteceu?
FILLIPE – Eu tinha 12 anos quando surgiram os primeiros celulares com câmera. A partir daí, comecei a reunir amigos e treiná-los para participarem de cenas de ação comigo. As produções tímidas eram postadas na Internet e logo passaram a ter uma repercussão considerável, atraindo novas pessoas, que me procuravam desejando participar desses vídeos, formando, assim, a equipe Pinoia Filmes. Em 2008, fiz minha primeira apresentação teatral com lutas e o resultado foi surpreendente: o teatro do Centro de Convenções da UFPE lotado e aplaudindo de pé, ao final. A partir daquele momento, tive a certeza de que era aquilo que eu queria, então passei a investir cada vez mais nas minhas produções independentes, e o resultado foi a maior nota da curadoria geral do Festival do Minuto em 2008, dentro da categoria Melhor Diretor de Recife e Olinda, e mais de duas milhões de visualizações em nossos vídeos, tornando o grupo o mais famoso do gênero no âmbito da Internet.
IZAN – Muitos o consideram um ator completo; este que vos fala, também. E você, como se define enquanto profissional da arte?
FILLIPE – Estou longe disso, sou apenas um aprendiz. Tenho a honra de trabalhar com muitas pessoas boas e a cada dia venho aprendendo mais com elas. Posso me descrever como um ator que faz as suas próprias cenas de risco, além de dublê e coreógrafo de lutas com artes marciais.
IZAN – Da Internet para a televisão. Qual a história sobre?
FILLIPE – A internet foi a minha primeira porta e que me deu abertura a outras mídias. Comecei na TV como dublê de Jeison Wallace, a Cinderela, em uma série cômica do programa, intitulada “Jackie Chanha”. A partir desse trabalho, passei a fazer pequenas participações em diversos programas, e assim tem sido até hoje.
IZAN – Conta à gente um pouco sobre seu trabalho em Direção.
FILLIPE – Nós somos responsáveis pela primeira série de ação com artes marciais do país, “Luta de Rua”, que conquistou muitos fãs no país e até fora dele. Após o fim da mesma, gravamos o piloto de uma segunda série, intitulada “CAOS”, onde fui roteirista, diretor, produtor, preparador de elenco, coordenador da equipe de dublês e coreógrafo de lutas, além de ator principal. O episódio piloto está disponível no Youtube, e estamos em busca de angariar recursos para transformá-la em um produto para TV. (Agora, em 2019, ele está dirigindo a série de ação e espionagem chamada "Soviética".)
IZAN – Os shows de Stand Up Comedy, de que forma surgiram na sua caminhada?
FILLIPE – Ao ler algumas biografias, percebi que muitos dos artistas que admiro vieram do Stand Up, gênero de humor em que tudo que você faz e fala é de cara limpa e com textos autorais, o que o torna muito mais desafiador para quem o faz. Logo me interessei e passei a ler e escrever meus próprios textos. Anos mais tarde, dei os meus primeiros passos, e continuo nessa caminhada em paralelo com minhas produções de ação.
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IZAN – O que gosta de fazer nas horas de folga?
FILLIPE – Dormir. Ultimamente confesso que não tenho tido tempo para muita coisa, pois trabalho muito e em diferentes coisas. Minhas poucas folgas nos últimos meses têm sido para o descanso.
IZAN – Algum ator/ou atriz, pernambucano(a) ou não, chegou a ser espelho pra você?
FILLIPE – O que faço, até onde sei, nenhum outro ator pernambucano jamais fez, então não posso dizer que exista um espelho conterrâneo meu, a não ser os meus próprios atores e dublês, que são extremamente talentosos e partilham comigo de uma filosofia com raiz no Tao do Jeet Kune Do, onde o que realmente importa é você conseguir se expressar de forma honesta e em total sintonia com o próprio corpo, o que é muito difícil e trás uma enorme grandeza para as cenas. 

IZAN – Autores brasileiros que o seduzem, quais?
FILLIPE – Halder Gomes. O único que fala minha língua.
IZAN – Celebridades admiráveis do nosso Recife, ao seu ver. Tem algumas?
FILLIPE – Muitas, o Jeison Wallace, por exemplo, possui uma generosidade tão grande quanto o talento e prestígio que possui, o que o torna ainda mais admirável. Também posso citar José Pimentel, que se transformou em um patrimônio do nosso Estado graças às muitas lutas que travou e ainda trava em favor dos artistas da nossa terra.
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IZAN – Um personagem que sempre desejou viver e ainda não o fez?
FILLIPE – Um personagem que possua distúrbios psíquicos, sou fã de filmes como “Mente Brilhante” e o nacional “Bicho de Sete Cabeças”. Talvez pudesse interpretar um vilão esquizofrênico.
IZAN – Cite alguns trabalhos seus, em teatro, TV ou outro, que lhe fizeram muito bem.
FILLIPE – “Primeiro Dia”, “Irmãos em Des_Controle”, “As aparências Enganam”, “Atlântida: O Reino da Chanchada”, “Quem Conta Um Conto”, “Parques e Praças”, “Luta de Rua” e “CAOS”.
IZAN – Fillipe Ramos por Fillipe Ramos?
FILLIPE – Alguém que não mede esforços em incentivar o cinema brasileiro a apostar na produção de filmes de ação com artes marciais, mostrando que somos capazes de fazer bons filmes do gênero.

IZAN – Fechando com chave de ouro, para amigos e fãs, qual a sua mensagem super do Bem?
FILLIPE – “A arte marcial, assim como qualquer arte, é uma expressão do ser humano. Algumas expressões possuem sabor, outras são lógicas, mas a maior parte das artes marciais é uma performance de uma sequência repetitiva de movimentos mecânicos de um padrão fixo. Isto é pouco saudável, porque viver é se expressar; e, para se expressar, você precisa criar. Criação jamais é mera repetição. Lembre-se bem, meu amigo, de que todos os estilos são feitos pelo homem, e o homem é sempre mais importante do que qualquer estilo. O estilo conclui. O homem evolui. Então, no fim das contas, a arte marcial é uma expressão atlética do dinâmico corpo humano. A pessoa que expressa a própria alma com isso faz algo mais incrível ainda. Sim, a arte marcial é um desdobramento do que alguém é — sua raiva, seus medos — e, mesmo sob todas estas naturais tendências humanas (as quais todos nós experimentamos, afinal), um artista marcial ‘de qualidade’ consegue — no meio de todas essas agitações — ainda ser ele mesmo. Não é uma questão de ganhar ou perder, mas, sim, sobre o que se é em determinado momento e em ser dedicado de todo o coração com este momento em particular, fazendo o melhor possível. A consequência será do que quer que aconteça. Portanto, ser um artista marcial também significa ser um artista da vida. Já que a vida é um processo interminável, o praticante deve fluir neste processo e descobrir, atuar e expandir a si mesmo.” Bruce Lee.
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Com Mike Chat, ator de artes marciais, famoso por ter interpretado o Power Ranger Azul e por ser o criador do "XMA - Xtreme"

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