4 de julho de 2019

Nas ondas da paixão

(Fotos: Divulgação e Arquivo Pessoal RB)
Série "Boas Entrevistas em Flashback"

Quando um rumo profissional de futuro certo está praticamente definido, mas migramos para outro é porque estamos errados, não é mesmo?
Nem sempre. O acerto aconteceu com Rosario Boyer, ao descobrir que, na verdade, era apaixonada por cinema logo após cursar Direito.
Quando me formei, não estava muito satisfeita com a profissão escolhida e comecei a pensar que, se pudesse voltar no tempo, queria ser diretora de cinema. Um dia vi um anúncio do curso de Cinema da Universidade Estácio de Sá e fui correndo fazer minha inscrição”, diz Rosario, um dos prestigiados nomes no mundo cinematográfico nacional e internacional.
Diretora, roteirista e produtora. Na nossa berlinda do Bem, portanto, ela, que acumula prêmios sem cessar no campo onde atua. Que venham mais!
IZAN SANT – Do cinema nacional, qual a sua maior referência em roteiro?
ROSARIO BOYER – Gosto muito de Júlio Meloni.

IZAN – Premiação atrás de premiação! O que de mais notável possui Os Tubarões de Copacabana, pra conquistar tantos prêmios?
ROSARIO – A temática do roteiro fala de valores que interessam a todos: amor, amizade, família, mas, sem dúvida, o fator determinante foram os atores, que fizeram um excelente trabalho.
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IZAN - Uma frase que mais traduz o longa?
ROSARIO – A frase que consta no cartaz, acima da foto dos surfistas: “As mais perigosas são as ondas da paixão”.

IZAN – Raul Gazolla, Rayanne Morais, Alcione Mazzeo, Ricardo Macchi, Marcos Veras são alguns nomes do longa-metragem. Você pode nos contar o segredo de escolher tão acertadamente um elenco? 
ROSARIO – Foi difícil conseguir o protagonista masculino, que tinha que ter 50 anos, saber surfar muito bem e ser muito atraente. O primeiro nome que veio à minha cabeça foi o de Evandro Mesquita, que adorou o roteiro, mas estava sem tempo, com muitos compromissos com a banda. Foi quando um amigo falou que Raul Gazolla surfava e adorei a ideia. Enviei o roteiro para Raul, que aceitou na hora. Para o papel de Nicole, necessitávamos de uma garota que tivesse olhos azuis, de muita beleza. O diretor de Fotografia, Neto Favaron, conheceu a Rayanne na praia de Copacabana, quando estava fazendo um teste com câmera subaquática. Rayanne, que era Miss Minas Gerais e depois foi Miss Rio de Janeiro, disse que estava cursando teatro na Cal e ele a convidou para fazer o teste de elenco. Com Alcione Mazzeo eu já tinha falado em relação a outro filme, e vi que ela era bastante parecida com Rayanne Morais, ideal para fazer o papel de mãe da protagonista. Ricardo Macchi fez teste para o papel de professor da escolinha de Surf e foi tão bem que pareceu que a personagem tinha sido criada para ele. A parte cômica do filme, ficou a cargo de Marcos Veras por sugestão de Raul Gazolla. Conseguir os atores certos foi uma mistura de boas relações e muita sorte.
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IZAN – A Rayanne recebeu o prêmio de melhor atriz no 5º. Dada Saheb Phalke Film Festival, em Nova Deli, na Índia. Ao receber a notícia, a Rosario reagiu...? 
ROSARIO – Fiquei feliz, mas não me surpreendi. Eu sempre incentivava os atores dizendo que ganhariam prêmios pelo filme. Alcione Mazzeo, Guil Silveira e  outros também mereceriam ganhar, mas, infelizmente, tem poucos festivais que premiam os atores coadjuvantes.
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IZAN – Embora já tenha colocado isso em alguma outra entrevista, o que é cinema pra você?
ROSARIO – Minha paixão.
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IZAN – Quais os diretores atuais que você mais admira? Ou, pelo menos, um.
ROSARIO – Como Diretora do Festival Brasil de Cinema Internacional, acabei de assistir os 1066 filmes que se inscreveram este ano para a 3ª. edição e fiquei surpresa com os trabalhos apresentados por novos diretores, do Brasil e do mundo. Porém minha preferência continua por Woddy Allen, Almodóvar, o argentino Juan José Campanella, e, do Brasil, o diretor Edu Felistoque.
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IZAN – Falamos bastante em longa. Agora, trabalhar em um curta-metragem, como cineasta, é exercitar a liberdade criativa e artística?
ROSARIO – Sim, já fiz alguns curtas, mas reconheço que não tenho muita habilidade para histórias de pouca duração. Gosto de trabalhar profundamente o lado psicológico das personagens e isso requer tempo. Admiro os realizadores que apresentam histórias maravilhosas em poucos minutos, infelizmente eu não consigo.
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IZAN – Por qual razão escolheu o Brasil como sua casa de atuação profissional?
ROSARIO – Escolhi o Brasil para morar, vim passar férias, achei o Rio de Janeiro uma cidade incrível e fiquei aqui. Se fosse pela profissão, jamais tivesse escolhido Brasil; aqui, fazer cinema independente é muito sacrificado.
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IZAN – Rosario Boyer, hoje, é que tipo de cineasta? Mudou um pouco, desde nossa entrevista a outro veículo pra cá?  
ROSARIO – Sempre fiz cinema autoral e, Deus mediante, vou continuar fazendo.
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IZAN – Como sempre fazemos, uma mensagem super do Bem aos cinéfilos!
ROSARIO – Peço que continuem apoiando o cinema nacional, como tem acontecido ultimamente. O cinema faz as pessoas mais felizes.

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