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Tenor Max Wilson (Fotos: Arquivo Pessoal MW e Tenori Amici) |
Em relação
a um pouco do jeito de ser do tenor Max Wilson, este jovem gracioso e simpático
nos confessou nobremente: “Max
Wilson é uma pessoa que percebeu que a felicidade não está no mundo, nem nas
coisas, e, sim, dentro de cada um de nós. É uma pessoa que nunca desistiu dos
seus sonhos, que nunca deixou de ser quem ele é e que nunca perdeu sua alegria
de viver. Um homem que, apesar da idade, continua vendo o mundo de uma forma
encantadora e que ainda tem muita coisa para descobrir e para aprender.”
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Ali, Max e Ara |
ENTREVISTA EXCLUSIVA
IZAN SANT – Seu talento para tenor está mais do
que provado, no entanto houve outra coisa, além deste talento, que o arrastou à
música clássica?
MAX WILSON – Sem dúvida a carreira da minha mãe [a atriz e cantora Sylvia Massari] foi de extrema influência na minha escolha. Desde criança vivi nos bastidores e na plateia dos musicais que ela participou, como, por exemplo: “Yentl” e “As Noviças Rebeldes”, com direção do Wolf Maya. Eu sabia esse musical de cor e ainda me lembro de muita coisa. Além disso, sempre tive uma intuição quanto à minha voz; quando, aos 16 anos, por aí, ouvi Pavarotti cantando “O Sole Mio”, não tive a menor dúvida sobre minha vocação. Foi a primeira vez que ouvi um cantor de ópera. Infelizmente a música erudita não é muito acessível no Brasil. Só vim a ter contato quando comecei a estudar canto lírico.
MAX WILSON – Sem dúvida a carreira da minha mãe [a atriz e cantora Sylvia Massari] foi de extrema influência na minha escolha. Desde criança vivi nos bastidores e na plateia dos musicais que ela participou, como, por exemplo: “Yentl” e “As Noviças Rebeldes”, com direção do Wolf Maya. Eu sabia esse musical de cor e ainda me lembro de muita coisa. Além disso, sempre tive uma intuição quanto à minha voz; quando, aos 16 anos, por aí, ouvi Pavarotti cantando “O Sole Mio”, não tive a menor dúvida sobre minha vocação. Foi a primeira vez que ouvi um cantor de ópera. Infelizmente a música erudita não é muito acessível no Brasil. Só vim a ter contato quando comecei a estudar canto lírico.
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Apresentando-se em importante festival na Rússia |
IZAN – O Tenori Amici assinou contrato com a
confiável e brasileira Gravadora Biscoito Fino. Qual a importância de um
patrocínio desse quilate para o artista?
MAX – Ter o nosso primeiro álbum, “Con
Amore”, no qual eu também fui produtor musical, junto com o meu
padrasto Guto Graça Mello,
publicado pela gravadora Biscoito Fino, foi um acontecimento que produziu muito
orgulho e muita alegria para todos nós. Pode ser que nos traga frutos como
publicidade e, talvez, remuneração, mas ainda é cedo para saber. Patrocínio, infelizmente, não temos nenhum,
pelo contrário: no início do
grupo, há uns 3 anos, tivemos que investir nosso dinheiro na produção dos
primeiros shows e do nosso material. Ainda estamos nessa batalha!
Ara, Ali e Max. Veja o clipe aqui
IZAN – Sua amizade com Ali e Ara é muito bonita. Quanto às apresentações, a atitude de incluir canções pop e momentos divertidos nelas, isto envolve o público até que medida?
MAX – Essa parte do grupo é muito importante. Nossa amizade precede o Tenori
Amici. Inicialmente decidimos fazer um concerto lírico tradicional, nos moldes
dos 3 Tenores, mas, devido à nossa grande amizade, começaram a surgir
brincadeiras durante os ensaios, e logo o primeiro Medley divertido foi criado.
Esta passou a ser uma característica forte do grupo: Medleys divertidos durante os shows. Quanto ao POP, eu já
tinha um background, o meu primeiro álbum
solo “So In Love”, cantando música pop no estilo crossover. Sugeri que
também cantássemos músicas pop nos nossos shows. Ali e Ara adoraram a ideia e
assim o grupo foi se desenvolvendo. Porém, o repertório dos nossos
shows/concertos sempre varia de acordo com o contratante. Pode ser um concerto
lírico tradicional somente com árias de ópera, como “Nessun dorma”, um show pop
ou um mix de tudo, onde começamos com os clássicos, surpreendemos a plateia com
um de nossos Medleys e terminamos com canções pop muito famosas. Com isso,
acabamos, de fato, surpreendendo o público, não somente com o Medley, que
sempre cria uma atmosfera de suspense e diversão, como também com a dinâmica
que essa mistura de repertório traz aos nossos shows.
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A capa do 1o. CD solo do artista |
IZAN – O seu clipe Rosa Che Stai Nascendo transborda emoção, tanto pela música
quanto pelas outras virtudes. Com Produção de Guto Graça Mello, o que faz esse
clipe ser tão especial para o Max?
Confira o clipe aqui
IZAN – A emoção de o Tenori Amici ter sido vencedor
do Concurso U-Bahn-Stars 2017, de Viena, isto foi...?
MAX – Muito forte e um marco na nossa trajetória. Já estávamos na batalha por um lugar ao sol há uns dois anos. A vitória nesse concurso nos colocou na mídia e conseguimos muitos contratos a partir desse momento. Foi uma injeção de ânimo no instante certo! Passamos a trabalhar ainda mais duro no Tenori Amici e os resultados já começam a ser gratificantes.
MAX – Muito forte e um marco na nossa trajetória. Já estávamos na batalha por um lugar ao sol há uns dois anos. A vitória nesse concurso nos colocou na mídia e conseguimos muitos contratos a partir desse momento. Foi uma injeção de ânimo no instante certo! Passamos a trabalhar ainda mais duro no Tenori Amici e os resultados já começam a ser gratificantes.
MAX – A ideia do álbum “Con Amore” foi justamente atingir o grande público e
levar a música clássica, a ópera, a quem ainda não conhece. Por isso resolvemos
ir do clássico ao pop, como “Smile” e “Besame mucho”. Portanto, não posso dizer
que temos um público-alvo específico. A ideia é irmos ainda mais longe com o
nosso lado POP no próximo álbum. Quanto aos concertos, continuamos fazendo,
também, concertos líricos tradicionais, principalmente aqui em Viena.
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2017 - Fidelio |
IZAN – Quais os cantores nacionais e internacionais de quem você mais gosta? Você se inspirou em algum deles no início do trabalho?
MAX – Como respondi em uma pergunta anterior: Pavarotti foi minha grande inspiração no início. Quando comecei a estudar canto lírico e comecei a prestar mais atenção às vozes dos cantores, logo me apaixonei, também, pelo Agnaldo Rayol e pelo Renato Russo. Eu ficava ouvindo-os e os imitando na minha casa e na casa dos meus amigos. Hoje em dia eu me inspiro demais no meu amigo Márcio Gomes, o novo rei da voz do Brasil, não somente pela sua voz e técnica maravilhosas, mas, principalmente, pela forma poética e linda com que ele solta sua voz.
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Novela "Tempos Modernos", da TV Globo, onde interpretou o Tenor Mário Caravadossi |
IZAN – Dos três tenores, existe um tenor mais
perfeccionista?
MAX – Este é um ponto curioso no nosso grupo. Sem dúvida nós três somos
perfeccionistas, mas cada um com sua particularidade. Eu sou perfeccionista
beirando o TOC (Risos.), por
natureza. Isto fica evidente quanto à parte organizacional do grupo, que fica a
meu encargo. Na hora em que estou no palco eu consigo deixar essa parte
racional de lado para que a minha emoção venha à tona com o meu canto. Ali Magomedov é, sem dúvida, o
mais perfeccionista com relação ao seu canto e à técnica vocal, que, na minha
opinião, já beiram a perfeição. Por mais que uma nota tenha sido cantada
lindamente, se ele sentiu que não estava perfeita tecnicamente, isso irá
incomodá-lo. Esse fato ficou ainda mais evidente para mim quando produzi o “Con
Amore”. Ara Karapetian também
é muito perfeccionista com relação à sua técnica vocal. Ele passa horas
cantando seus agudos para aperfeiçoá-los. Ara é muito perfeccionista, também,
com relação ao resultado final das nossas apresentações. Por vezes ele prefere
que algum vídeo não seja postado porque achou que o resultado não foi como ele
desejava.
MAX – É inspirador, não é à toa que eu também me tornei um artista. Tem um
lado muito divertido e glamouroso ser filho de artista. Toda a minha vida
convivi com artistas famosos, indo a muitas peças de teatro, musicais e
frequentando festas badaladas. A cultura sempre esteve presente na minha vida.
Ser um artista filho de artista, isto já é uma faca de dois gumes. Pode ajudar
em determinados momentos, por facilitar o contato e a entrada no meio
artístico, mas também pode prejudicar, porque o filho de um artista famoso pode
ter a tendência a ficar esperando o seu lugar ao sol de forma fácil, enquanto
que aqueles que não conhecem ninguém no meio artístico vão à luta diariamente
pelas ruas, literalmente, atrás do seu reconhecimento. É uma questão bem
complexa. No meu caso, acredito que ser filho de artista tenha me ajudado em
alguns momentos, mas provavelmente atrapalhado em alguns aspectos. Eu, na
verdade, nunca pensei em mim como um filho de artista. Desde criança eu me
imaginava cantando em grandes palcos e, como já falei, quando ouvi o Pavarotti
pela primeira vez eu não tive a menor dúvida da minha vocação. Fui atrás do meu
aperfeiçoamento e do meu espaço.
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Temporada
de Ópera em 2013, "Fedra e Hipólito"
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IZAN – Houve um show onde o grupo foi mais
aplaudido do que esperava?
MAX – O público é sempre uma incógnita, por isso não temos como saber o que
esperar dele. O que acontece e que achamos muito interessante é quando o
público aplaude no meio de um de nossos Medleys divertidos, enquanto ainda
estamos cantando.
IZAN – A música que o Tenori não pode deixar de
cantar em qualquer apresentação?
MAX – “O Sole Mio”.
MAX – “O Sole Mio”.
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Tenori Amici in 48er-Tandler |
Veja o
clipe aqui
IZAN – De que modo os estrangeiros reagem aos
seus momentos pop nos shows? Depende de cada cidade, ou país?
MAX – O fator cultural, sem dúvida, influencia a reação das plateias. Já vi muitos cantores pop dizerem que o público brasileiro é um dos mais calorosos do mundo. Não vemos a hora de nos apresentarmos no Brasil. No nosso show clássico, quando começamos a cantar um número pop — geralmente durante um dos Medleys —, a reação da plateia é imediata: reação de surpresa com prazer. Este efeito acontece pelo fato de o primeiro Medley sempre vir de repente, depois de cantarmos as clássicas árias de ópera.
MAX – O fator cultural, sem dúvida, influencia a reação das plateias. Já vi muitos cantores pop dizerem que o público brasileiro é um dos mais calorosos do mundo. Não vemos a hora de nos apresentarmos no Brasil. No nosso show clássico, quando começamos a cantar um número pop — geralmente durante um dos Medleys —, a reação da plateia é imediata: reação de surpresa com prazer. Este efeito acontece pelo fato de o primeiro Medley sempre vir de repente, depois de cantarmos as clássicas árias de ópera.
IZAN – Você cantou com a inesquecível Hebe Camargo,
gravou com a Marina Elali, a Sylvia Massari, enfim: qual foi o grau do
aprendizado ao cantar com essas deusas?
MAX – Grau de aprendizado máximo em termos de simpatia, carisma, carinho, generosidade e muito mais. Para falar de cada uma delas, com a querida e saudosa Hebe Camargo eu aprendi a como dar valor a cada palavra cantada. Com a bela e, também, querida Marina Elali, aprendi a como frasear com beleza o seu canto, e com Sylvia Massari, minha mãe, que amo muito, a presença de palco! Mas isso aprendi com ela durante toda a minha vida, quando sentado na plateia de seus musicais. Isso para citar alguma coisa, mas com essas artistas maravilhosas se pode aprender muitas coisas mesmo!
MAX – Grau de aprendizado máximo em termos de simpatia, carisma, carinho, generosidade e muito mais. Para falar de cada uma delas, com a querida e saudosa Hebe Camargo eu aprendi a como dar valor a cada palavra cantada. Com a bela e, também, querida Marina Elali, aprendi a como frasear com beleza o seu canto, e com Sylvia Massari, minha mãe, que amo muito, a presença de palco! Mas isso aprendi com ela durante toda a minha vida, quando sentado na plateia de seus musicais. Isso para citar alguma coisa, mas com essas artistas maravilhosas se pode aprender muitas coisas mesmo!
MAX – Difícil
isso! Vou escrever algumas frases e palavras soltas que talvez deem uma ideia
de quem sou, até porque quem fui outrora, não sou mais; quem agora sou, já não serei. (...) Preciso confessar que escrevi e apaguei muita coisa. Como eu
disse: difícil isso! Preferia
que meus amigos e minha família me definissem, mas, como preciso chegar ao
final desta entrevista, vou deixar apenas isso, de tudo que escrevi e apaguei... Quando eu era criança, minha
mãe me perguntou: “Filho, o que você quer ser quando
crescer?”. “Forte e feliz!”, eu
respondi. Acredito que sou forte o suficiente e bastante feliz. Sou alguém que
preza pelo respeito ao próximo quase que acima de tudo, que está sempre à procura
de aperfeiçoamento, de alegria e paz e que, apesar de não seguir nenhuma
religião e de adorar e seguir cientistas e pensadores, como Richard Dawkins, Clóvis de Barros Filho e Neil deGrasse Tyson, acredita que a
vida continua depois da morte e que estamos aqui para nos tornarmos pessoas
melhores, ou espíritos mais evoluídos. Quer saber mais? Leia o que escrevi, em
2014, aqui.
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Com Kardinal Christoph Schönborn (Copyright Felicitas Matern) (06-DEC-2017) |
IZAN – O Tenori Amici pelo Max Wilson?
MAX – Um sonho multiplicado por três! Três talentos diversos em prol de um
espetáculo. Três homens que resolveram apostar quase todas as suas “fichas profissionais” em uma carreira onde os frutos
são muito escassos e de acesso muito difícil, com muita concorrência. Acho que
essa pergunta anterior me deixou um tanto romântico e poeta... (Risos.) Vou
tentar mais uma vez: Três
tenores que entram no palco para soltarem suas vozes com toda sua alma, para
que aquele momento único regozije suas almas e toque a alma do público de forma
a fazer ter valido a pena toda uma vida de dedicação a esta arte. Emoção no palco!
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Sempre a postos |
IZAN – Qual é sua mensagem muito do Bem
aos amigos e aos fãs do Tenori?
MAX – Desejo que todos achem o caminho para serem felizes, que é único de
cada um, e agradeço demais pelo carinho e pelo interesse em nossas vozes,
em nossa música e em nosso grupo Tenori Amici. Para mim, e acredito que também
para os meus amigos Ara Karapetian e Ali Magomedov, um dos momentos mais belos,
senão o mais belo, é quando percebo que alguém, na plateia, ficou emocionado e
até chorou ouvindo as nossas vozes. São momentos como esses que fazem toda essa
jornada valer a pena.
Grato pela entrevista, Max.
Que o Tenori tenha cada vez mais sucesso!
Gostei da entrevista amigo.Vc tem talento tbm como entrevistador. É uma pena que nossa cultura ñ divulgue a música erudita, mas as porcarias q dão nojo, como Anita nego do Boró, etc. Continue trazendo belas entrevistas. Bjs
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