Olá, me chamo Lidiane, trabalho na área da beleza, com curso e eventos para
cabeleireiros. Já tive amores e
horrores, acho que até mais horrores... (Risos.) Aos meus 36 anos, já escaldada das desilusões amorosas, a essa altura já vendo e vivendo tantas desilusões, conheci
Kaio, que vive antenado no mundo digital; na verdade, trabalha com isso, ele é
um digital influencer, tem uma página através da qual corre atrás de promoções.
Sabe, ele é apaixonado
por essa página, acho isso muito bonito, trabalhar para o sucesso da página;
mesmo não tendo tanto retorno financeiro, o que ele faz é por acreditar no
sonho, como ele mesmo conta que foi um sonho, motivação e amor pela página.
Tudo começou nessa
bendita página, já a sigo há algum tempo, até porque promoção é meu sobrenome. Quem não gosta, né?
Nessa era digital, as
pessoas estão se tornando cada vez mais ocas de amor, até mesmo o próprio Kaio,
da minha idade, meu pudim de leite (assim eu o chamava), postou uma bebida em
promoção; eu, nordestina nata, fui logo perguntar se a bebida era boa, pois
estava com um excelente preço e isso me chamou a atenção. Ele é muito educado, me
respondeu que iria provar e me falaria.
Passaram-se uns dias, eu
estava em Petrolina, cidade maravilhosa, a terra do velho Chico, a trabalho. Viajo a trabalho, eu e Deus, às vezes eu e a equipe, e é muito difícil você só por aí, no meio do mundo, mesmo feliz, porque amo o que faço.
À noite, trancada no
quarto do hotel, vejo a mensagem de Kaio – eu, a essa altura da
noite, sozinha no quarto, eu e Deus e mais ninguém, indo descansar para, no
outro dia, enfrentar uma sala de aula. Kaio, com um singelo Boa noite, falando que tinha provado da
bebida e não gostou. Aí conversamos até quase as 2 horas da madrugada. Aquele velho começo de
tudo: nome, idade, onde mora, do que gosta, o que faz da vida; no outro dia
acordei com a mensagem: “Adorei falar com você, bom dia e bom trabalho.”
E assim ficamos, naquela
rotina diária de nos falarmos todos os dias. Kaio tem um filho, Álvaro, lindo
Álvaro, o amor da vida dele.
Nossa conversa diária
foi me encantando dia-a-dia, me apaixonando pelo jeito de trabalhar, pelo jeito
de falar, foi me encantando quando me falava de Álvaro, o amor que tinha pelo
filho; assim passaram semanas e semanas de conversas diárias, até que marcamos
de nos conhecer pessoalmente.
Eu, adulta, superindependente,
super bem-resolvida, mas, mesmo assim, me bateu aquele medo de conhecer alguém
assim, de conversas de internet.
Fomos a um forró, nordestina
nata, né? Amo forró! Só que fui com um grupo de amigos, para me sentir mais
confiante perto das pessoas de quem gosto, e era o nosso primeiro encontro,
minha primeira vez de conhecer alguém de internet.
Quando vi Kaio, sabe
aquela sensação de o coração querer pular pela boca, o frio na barriga, enorme?
Eu não sabia se eu corria, se eu abraçava, se eu ficava, se eu chorava... Ele é
mais baixo do que eu, quando me viu, fez: “Nossaaaa, como você é grande!”, me
abraçou e me deu um beijo daqueles de novela. Naquela hora, pouco me
importava quem tava perto, olhando, quem tivesse do meu lado, ali era meu
momento, nosso momento. Dançamos muito à noite
inteira, foi maravilhoso, mas Kaio, fazendo papel de homem, o instinto,
recorreu àquela velha despedida: “Vamos dormir comigo?”.
Na hora me bateu uma
insegurança, um medo e olhei para ele, disse que não, que foi mais forte do que
eu mesma, querendo, só que o medo falou mais forte. Ele ainda insistiu muito e,
vendo que eu não voltava atrás, foi embora com raiva e me deixou lá com meus
amigos.
No outro dia, acordo com
uma mensagem: “Só queria um motivo, por qual razão você me deu não? Se já temos um tempo conversando
com uma certa intimidade, imensa, não sei o que aconteceu com você, estava
bastante confiante”.
Respondi que foi medo,
angústia e achei a melhor decisão a tomar naquela hora: ficamos nos falando
diariamente; a conversa, se tornando cada dia mais intensa, até que, logo no Dia dos namorados, resolvemos fazer diferente: pegamos uma pousada,
com direito a vinho, frutas e um monte de mimos. Uma noite maravilhosa, inesquecível, perfeita! E eu, cada dia mais apaixonada, encantada
por Kaio...
Assim foram vários encontros, várias
noites, vários amores, e ele, desde o início, disse... ele deixou bem claro: “Não tenho tempo para namorar, tem a
faculdade e o trabalho, a página, não vou ter tempo,
vamos ver no que isso vai dar”.
Eu???? Iludida, aceitei
as migalhas que ele me oferecia, como nossa vida muito corrida, de muito
compromisso, chamei-o para ir à minha casa, fiz jantar, arrumei casa, me
arrumei só para esperá-lo; em vez de sairmos, ele preferia o conforto da
minha casa.
Kaio se acomodou, indo
para minha casa sempre às vezes, duas três vezes na semana, sempre dormia
comigo, no entanto perdeu aquela vontade de me conquistar, de sair, de se
esforçar, porque ele sempre falava: “Vamos ficar em casa, prefiro ir à sua casa”,
e a besta aqui acreditava, aí veio minha vida de trabalho, comecei a ficar sem
tempo, estressada, Kaio sempre correndo muito com trabalho, página e
faculdade. Ele sempre falava: “Tenha paciência...”, eu, canceriana, com paciência?!
Nunca nesse Brasil!
Eu sempre querendo, cada
dia mais, estar com ele, me esforçando de todas as maneiras, e ele apenas
queria um passatempo, mesmo assim foi ficando cada dia mais intensa a nossa
relação louca. Brigávamos o dia todo; à noite, quando nos víamos, era aquele
abraço de saudade, assim foram passando uns dias, meses e meses, e nada mudava Kaio,
sempre com a velha desculpa de não ter tempo; eu sem tempo para esperar o tempo
dele, que me falava: “Não me cobre”, sempre conversamos. “Desde o começo, tenha
paciência”.
Mas, com o tempo, isso
não funciona, vieram as cobranças, as saudades, as brigas, os ciúmes, Kaio
sempre sem tempo, mas eu também na vontade de tê-lo eternamente, às vezes até me achava
um pouco incompreensiva: ele chegava e eu via que o cansaço era notório, do trabalho, do dia-a-dia, da faculdade, da página.
Nas poucas horas que ele
tinha, era sempre a página em primeiro lugar. Com as cobranças e as brigas que
foram cada vez mais graves, fomos nos afastando. Assim
fomos deixando de falar um com o outro, até que não nos encontramos
mais.
Hoje ainda tenho um amor
enorme por Kaio, é inexplicável o sentimento que sinto, embora fazendo meses,
aliás, oito meses que não nos vemos, mas sempre que eu ou ele tem algum
problema, um procura o outro para conversar, mesmo que por mensagens.
Até hoje, pode ser a
hora que for, se eu disser “Preciso falar com você”, ele, na hora, para tudo e
vem me escutar e me ajudar a resolver.
Evito ir até lugares em que sei que posso encontrá-lo, tipo você parar de ir ao centro da sua cidade
por saber que poderá encontrar o amor da sua vida lá, coisas de mulheres,
pois, mesmo passando tanto tempo, não sei qual minha reação ao encontrá-lo sem ser em busca de um ombro amigo.
Até arrumei outro
namorado, relação também já rompida, mas vai lá, vem cá, meu pensamento e meu
coração estão sempre em Kaio, mesmo tendo a certeza de que a gente não vai dar
certo, mas quero vê-lo feliz, independente de se será comigo ou com outra
pessoa; quero vê-lo bem, porque o amor é uma coisa injustificável.
É... essa é uma das histórias
da minha vida, aliás, a história que realmente marcou a minha vida.
Tenha sua história
publicada,